O êxodo rural, conhecido fenômeno de saída do campo em busca de melhores condições de vida nas cidades, acontece há séculos no Brasil. A “fuga para a cidade” tem sido tão predominante no país que a população rural caiu de quase 55% na década de 1960 para algo em torno de 15% hoje em dia. Mas vem ganhando força o fenômeno inverso: o êxodo urbano.
Êxodo urbano?
As cidades, principalmente os grandes centros, têm uma infraestrutura que atrai não apenas os jovens, mas famílias inteiras. Universidades, acesso a serviços de saúde, opções de lazer e de consumo são alguns dos atrativos mais comuns. Mas muitas cidades não estavam preparadas para receber enormes fluxos de novos habitantes, e algumas consequências se tornaram evidentes.
O crescimento desordenado das cidades é um dos grandes problemas da atualidade em países como o Brasil, em que o planejamento urbano ainda engatinha. O estilo de vida nesses grandes centros têm gerado uma onda de insatisfação que se traduz nas estatísticas de ansiedade e depressão. Segundo a OMS, o Brasil é o país com maior número de pessoas com depressão nas Américas e o país com maior prevalência de pessoas com ansiedade em todo o mundo.
Nesse contexto, a vida no campo ressurge como uma alternativa ao estilo de vida acelerado e as escassas possibilidades profissionais nas cidades. O contato com a natureza, muito negligenciado em centros urbanos, também tem grande peso. Segundo estudiosos, a maior parte das pessoas que decidem sair das cidades é formada de jovens desiludidos com o ritmo de vida, o alto consumismo e impessoalidade da vida nas cidades. Essas pessoas vêm sendo chamadas de neorurais.
O fenômeno ainda é pouco representativo numericamente, mas muito representativo como fenômeno social. Se, conforme prevê o IBGE, 90% da população brasileira estará nas cidades até 2025, o fluxo inverso também tende a ser verdadeiro.
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