Riscos de criar animais da zona rural na cidade

É uma cena bastante comum em cidades do interior ver galinhas nos quintais, principalmente em famílias que vieram de áreas rurais ou que têm uma ligação com o campo. E a imprensa frequentemente alardeia os benefícios de se criar esses animais em casa, principalmente para o controle de pragas urbanas, como os escorpiões.

No entanto, o que muita gente não sabe é que, em muitas cidades, criação de galinhas e outros animais da zona rural (equinos, bovinos, caprinos e suínos) é proibida por lei. Em todo o estado de São Paulo, por exemplo, essa proibição está no Código Sanitário do estado (Lei 10.083/98) e pelo Decreto 12.342.

O motivo disso é o controle de zoonoses – doenças que acometem outras espécies animais, mas que podem ser transmitidas aos humanos, seja pela convivência próxima com animais doentes ou pela sua ingestão. Essas doenças incluem, entre outras, a raiva, leptospirose e leishmaniose.

A leishmaniose, por exemplo, está ligada à criação de galinhas. Mesmo que haja cuidado com a limpeza, a criação propicia a proliferação do mosquito flebótomo, conhecido como “mosquito palha”. Isso pode oferecer sério risco à saúde pública. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz concluiu que o risco de contrair a leishmaniose em pessoas que convivem com galinhas ou porcos era até quatro vezes maior.

A criação desses animais é aconselhada somente na zona rural, em locais com as condições sanitárias adequadas. Assim, não oferecem risco à saúde da população.

 

História

Estima-se que as zoonoses ocorram desde a Pré-História. Mas a grande virada aconteceu no Neolítico, quando os seres humanos finalmente deixaram de ser nômades e se estabeleceram em aldeias, fenômeno conhecido como sedentarismo. Foi então que se consolidou a domesticação de animais e plantas – isto é, a agricultura –, e as zoonoses começaram a se tornar um problema.

Durante a Idade Média, o excedente de alimentos propiciou o aumento das cidades. Essa crescente aglomeração de pessoas, somada à falta de higiene e ao acúmulo de resíduos, levou à proliferação de alguns roedores. O resultado disso foi a epidemia da peste bubônica (ou “Peste Negra”), cuja causa só foi descoberta no século XIX por Alexandre Yersin, discípulo de Pasteur.

Há alguns que sugerem que todas as doenças humanas surgiram do contato com os animais, mas isso não é ponto pacífico na comunidade científica. Mas alguns exemplos de doenças que vieram do contato com animais incluem: toxoplasmose, ebola, hanseníase (anteriormente conhecida como “lepra”), leishmaniose, doença de Chagas, alguns tipos de gripe (Influenza) e tuberculose. E há crescentes evidências, através do sequenciamento genético, que o HIV, a varíola e difteria também teriam sido transmitidas para os humanos dessa maneira.

 

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